• ACORDOS BILATERAIS ENTRE ANGOLA E FRANÇA


    Os Ministros dos Transportes da República de Angola, Ricardo Viegas D’Abreu, e o Ministro da
    República Francesa, Philippe Tabarot, reuniram-se no passado dia 17 de Junho, em Paris, no quadro do aprofundamento das relações bilaterais e do reforço da cooperação estratégica nos
    sectores dos transportes e das infraestruturas.

    O encontro decorreu num ambiente de cordialidade e convergência de interesses,
    sublinhando a importância do relacionamento histórico entre os dois países e a
    necessidade de elevar a cooperação para novos patamares, numa altura em que Angola
    executa reformas estruturais profundas no sector dos transportes.

    Durante a reunião, foram revistos os principais marco da cooperação actual,
    nomeadamente no domínio da aviação civil, com destaque para a operação da Air France
    em Angola, os acordos estabelecidos desde 2015, e a expansão da frota da TAAG com
    aeronaves Airbus. Foram igualmente abordadas as parcerias em curso com a Agência
    Francesa de Desenvolvimento (AFD) e a CODATU, no âmbito do transporte urbano e da
    reestruturação da empresa pública TCUL.

    Neste contexto, o Ministro de Angola Ricardo Viegas d’Abreu destacou que, no quadro da parceria com a AFD e a CODATU, estão em curso acções com vista à melhoria da mobilidade nos
    principais corredores de transporte de Luanda, perspectivando-se a implementação de
    sistemas de BRT (Bus Rapid Transit). Acrescentou ainda que estão a ser desenvolvidos
    planos de mobilidade para outras cidades do país com forte crescimento populacional,
    como Benguela, Huíla e Huambo.

    Ambas as partes manifestaram interesse em expandir a cooperação para áreas como:

    • Ferrovia: com enfoque nos corredores estruturantes e na eventual participação
    de empresas francesas em projectos como o Metro de Luanda;
    • Rodovia e Mobilidade Eléctrica: visando soluções sustentáveis para centros
    urbanos;
    • Sector Marítimo-Portuário: com especial atenção para a modernização
    portuária e o reforço institucional da Autoridade Marítima Nacional;
    • Logística: desenvolvimento de plataformas logísticas e dinamização da Zona
    Franca da Barra do Dande.

    Neste contexto, foram discutidas propostas concretas para novos instrumentos
    jurídicos bilaterais, incluindo:

    • Um Memorando de Entendimento Interministerial centrado na capacitação
    técnica, digitalização, sustentabilidade e mobilidade multimodal;
    • Um Protocolo Técnico entre a ANAC e a Direcção Geral da Aviação Civil de
    França, visando reforçar a segurança operacional e o apoio à TAAG.

    O Ministro Ricardo Viegas D’Abreu apresentou a visão estratégica para o Corredor do
    Lobito, destacando o seu papel como plataforma de integração regional e eixo
    geoeconómico do continente africano. Angola reiterou o convite à França para integrar o
    projecto de extensão ferroviária até à Zâmbia, num quadro de envolvimento coordenado
    com a União Europeia e outros parceiros multilaterais.

    Outros temas estruturantes foram igualmente abordados, como a Cidade Aeroportuária
    do Icolo e Bengo, a necessidade de actualização do Acordo de Serviços Aéreos Bilateral
    (BASA), e o reforço da cooperação técnica em matéria de investigação de acidentes
    aéreos, nos termos do Anexo 13 da ICAO.

    O encontro culminou com o compromisso mútuo de aprofundar a coordenação técnico diplomática, tendo sido proposta a criação de um Grupo de Seguimento Bilateral para
    acelerar a implementação dos projectos e iniciativas acordadas. Foi ainda endereçado um
    convite oficial ao Ministro Philippe Tabarot para visitar Luanda, em Outubro próximo,
    por ocasião do “Angola Hub – Transporte e Logística Summit”, momento em que se
    prevê a assinatura de vários instrumentos de cooperação actualmente em negociação.

    Este encontro, marca um ponto alto nas relações bilaterais entre Angola e França no
    sector dos transportes, espelhando a maturidade política e a ambição económica
    partilhada por ambos os países para impulsionar o desenvolvimento sustentável e
    integrado das suas infraestruturas.