A conferência foi uma iniciativa conjunta entre a Universidade Katyavala Bwila, do Governo Provincial de Benguela, do Porto do Lobito, do grupo Carrinho Empreendimentos entre outras empresas locais e visou identificar novos modelos de gestão logística e de transportes para desenvolver o potencial socioeconómico local e do país. Participaram no evento cerca de 500 pessoas, entre académicos, especialistas em logística e transportes, autoridades governamentais e empresários provenientes da África do Sul, Cabo Verde, França, Macau e Países Baixos, sendo que os três últimos países participam em formato virtual. Com mais de 30 sessões com vários tópicos temáticos, incluindo duas mesas redondas, desde logística e transportes, agronegócio, aprovisionamento e plataformas logísticas, direito dos transportes, logística da saúde à tendências internacionais inovadoras. 

Na abertura do evento, o Ministro de Estado para Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior destacou que, apesar das dificuldades das infraestruturas logísticas em todo o território nacional, as reformas nesse domínio já estão a proporcionar as bases para a criação de um ambiente económico conducente à maior participação da iniciativa privada na dinamização da logística intermodal. Manuel Nunes Júnior assegurou que o Executivo continuará focado na construção e reabilitação de infraestruturas de bases nos modais rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo. Ao mesmo tempo, mostra-se convicto de que a estratégia de concessões de activos do Estado para a exploração e gestão do sector privado conduzirá à melhoria da competitividade empresarial, a nível local e em todo o país. Nesse contexto, lembrou que estão em vias de conclusão as concessões para o sector privado das plataformas logísticas do Soyo, Luvo e também do Luau, cujos concursos foram lançados em Novembro de 2021 e no passado dia 5 de Maio, respectivamente. Para o governante, a futura plataforma do Luau é uma das plataformas a implantar ao longo do Corredor do Lobito e representa uma grande porta a Leste do país para a dinamização do comércio regional e internacional. Como avançou, essas plataformas logísticas permitirão aos investidores terem à sua disposição bases logísticas com infraestrutura adequada em pontos estratégicos do território nacional e de inter-conectividade rodoviária, ferroviária, marítima e aérea. Relativamente ao sector dos transportes, também ressaltou as profundas reformas estruturais, a nível legal, regulamentar e institucional em linha com as melhores práticas internacionais. 

A conferência, disse, é fruto de uma visão integrada, no sentido de dotar o país de infraestruturas logísticas multimodais que respondam aos desafios de armazenamento e escoamento de produtos em escala, assim contribuindo quer para a redução dos custos logísticos, quer para diversificar a economia. Com melhores infraestruturas de logística e transportes, diminuem os custos de produção dos agentes económicos que se dedicam à intermediação de produtos e, como consequência, reduzem o preço dos produtos para o consumidor final, como perspectiva o governante. Manuel Nunes Júnior acredita, por outro lado, que a pesquisa que a Universidade Katyavala Bwila realiza no domínio da logística e transportes irá, de certo modo, ajudar as autoridades governamentais, as empresas e os técnicos na formulação de políticas públicas nesse sector. Precisamos de soluções tecnicamente viáveis para os desafios que se impõem nessa área dos transportes e logísticas”, vincou, esperando que, por via deste fórum, a academia possa encontrar soluções concretas e pragmáticas que levem a um ciclo virtuoso de progresso económico e social. 

O Porto do Lobito e o Caminho de Ferro de Benguela formam um dos maiores corredores de desenvolvimento e escoamento de mercadorias da região da SADC, com ligações à cidade de Tenque, na República Democrática do Congo, e Zâmbia. O porto é ainda beneficiado por uma ligação rodoviária estruturante para circulação de mercadoria, a Estrada Nacional 100. A RDC e Zâmbia, dois países encravados entre o Atlântico e o Índico, encontram no Corredor do Lobito uma das mais importantes saídas para a sua exposição às rotas de mercadorias internacionais, nomeadamente para América e Europa. Actualmente, através desse corredor, já se faz a transportação de minérios como o manganês da RD Congo para Europa, China e Índia.