Em África – todos o sabemos – temos um provérbio que nos encoraja a caminhar em conjunto para que possamos chegar mais longe. Infelizmente, mencionámolo muitas vezes, mas nem sempre o incluímos no nosso dia-a-dia, designadamente no profissional, motivo pelo qual o nosso continente continua longe de atingir o nível de desenvolvimento económico e social que todos ambicionamos.
O Corredor do Lobito pode e deve motivar-nos para fazermos deste provérbio uma missão de vida, com ganhos para toda a África subsariana. E pode fazê-lo se percebermos que é na complementaridade entre projectos e na harmonização de esforços entre os responsáveis políticos e destes com o sector empresarial privado que reside o nosso futuro comum.
Vem esta reflexão a propósito do artigo que vos convido a ler sobre a importância estratégica e a complementaridade entre dois corredores africanos com potencial para imprimir ao comércio mundial mais eficiência económica e mais sustentabilidade ambiental: o Corredor do Lobito, ao qual os Estados Unidos e a União Europeia declararam o seu apoio incondicional em Setembro de 2023, e a linha ferroviária da Autoridade Ferroviária Tanzânia-Zâmbia (TAZARA), construída com o apoio também incondicional da China.
Assinado por Judd Devermont, Conselheiro Sénior do Programa África do Center for Strategic International Studies, em Washington DC, este artigo defende de forma clara e consistente que "o futuro do Corredor do Lobito e da TAZARA está na conexão, não na concorrência entre elas. Os argumentos para unir estas duas linhas ferroviárias são claros: realiza um objectivo pan-africano de um corredor de transporte transcontinental, reflecte as contribuições dos EUA e da China para ambas as ferrovias e promete revigorar as economias da região”.
Que nós angolanos e todos os nossos vizinhos africanos sejamos capazes de perceber o poder desta complementaridade, desta conexão, para que o gap de infraestruturas no nosso continente diminua substancialmente é não só um sonho como uma vontade que espero ajudar a concretizar enquanto responsável pelo sector dos transportes no nosso país. E, naturalmente, com o apoio de todos os meus colegas de Governo, que, tal como eu, conhecem bem o suporte e a determinação do titular do poder executivo para que o nosso desenvolvimento se cumpra.
Boa leitura! (Na página dos jornais Valor Económico, no Portal Intranet)
Ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu
Luanda, Outubro de 2024.